Universidade Aberta

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MPEL 05

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Atividade 2 Práticas Pedagógicas em eLearning


A atividade 2 consiste na elaboração de um artigo sobre práticas pedagógicas em E-learning.
Foi proposto pelo professor José Mota a realização de uma entrevista a um professor ou formador em contexto online e elaboração de um artigo científico (paper) com base nela e nos recursos explorados.

1º Explorar os recursos disponibilizados, revisitar os já utilizados e pesquisar outros que possam ser  necessários para apoiar o trabalho;
Elaborar o guião da entrevista;
Realizar a entrevista; e
Elaborar o artigo

Guião da Entrevista

Biografia do Entrevistado
António Moreira Teixeira é pró-reitor para Inovação em Ensino à Distância da Universidade Aberta. Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, obteve o grau de Mestre em Filosofia e Cultura pela mesma instituição. Também conta com um doutoramento em Filosofia. Docente na Universidade Aberta desde 1991, é investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, sendo Vice-presidente da Associação Ad Lucem. Integrou igualmente o Centro de Estudos em Educação e Inovação, o Centro de Estudos Históricos e Interdisciplinares e o Centro de Estudos em Didáctica da Filosofia da Universidade Aberta. Presentemente é vice-coordenador do Mestrado em Arte e Educação.
 
Aproveitando a experiência do entrevistado em prática pedagógica online, pensei em fazer o passado (5 anos atrás), presente e futuro (2016) sobre práticas pedagógicas em E-learning.
 Método assíncrono, através do correio electrónico.
Perguntas:
1- De acordo com a sua experiência, como encarava o ensino online à cinco anos atrás?
2- Quais as alterações que tem verificado do ponto de vista do papel do professor online?
3- Quais as técnicas de ensino online que utilizava? Quais as que prefere agora? Quais as que pensa vir a utilizar em 2016?
4- O que pensa que irá acontecer para 2016. Quais as grandes alterações na prática pedagógica online?
5- Como caracteriza o papel do aluno desde 2006 até aos dias de hoje?
Análise do material recolhido e integração na reflexão.

A entrevista está disponível em:
http://zeliapatrociniompel05.blogspot.com/2012/01/entrevista.html
 


Gomes (2008) identifica cinco gerações de modelos de educação à distância, possibilitados pela evolução tecnológica e a esta altura prespetivava-se o surgimento de uma sexta geração com base nos desenvolvimentos tecnológicos da altura, no domínio dos "mundos virtuais". A autora caracteriza a 1ª geração como a do ensino por correspondência, em que se fazia a utilização de documentos impressos e se recorria ao correio postal. A 2ª geração era caraterizada como a do tele-ensino, recorrendo a emissões radiofónicas e televisivas. A 3ª geração era a da multimédia, com utilização de CDs e DVDs. A 4ª geração já era caraterizada pelo E-Learning, com a utilização da Internet-Web. A 5ª geração é a do M-Learning, com a utilização de PDAs, telemóveis, leitores de MP3 e MP4 e por último a 6ª geração referente aos mundos virtuais, com a utilização de ambientes virtuais na Web.


As teorias sobre o Ensino à Distância têm evoluido ao longo das últimas décadas. O EaD apresenta carateristicas únicas, distanciando-se do Ensino Tradicional. Um dos aspetos que aparece em todas as teorias apresentadas remete-nos para a separação existente entre professor/aluno(s).
Coutinho (2011) destaca seis das definições mais plausíveis:
  • O Estudo Independente de Wedemeyer (1971) - O EaD é regulado pelo aluno, quer no que diz respeito às suas necessidades, quer aos objetivos específicos que ele próprio define. Esta teoria sobre o estudo independente apresenta três aspetos fundamentais: a autonomia, a importância do aluno no processo de aprendizagem e a aprendizagem ao longo da vida.
  • A Conversação Didática de Holmberg (1989) - Realça a inter-personalização do processo de ensino à distância. Usa o termo "comunicação não continua" para descrever a continuação existente quando professor/aluno(s) estã separados no tempo e no espaço.
  • O Modelo Industrial de Otto Peters (1994) - Para este autor a EaD é um produto da sociedade industrial em que vivemos. Peters procedeu a uma comparação entre o EaD e o processo de produção industrial, tentando identificar carateristicas comuns, tais como a divisão do trabalho, a mecanização, a produção em massa, a normalização e a centralização.
  • A Distância Transacional de Moore (1993) - Analisa duas dimensões existentes no EaD, a da "distância transacional", que é mais abrangente do que a simples distânciação geográfica e a "autonomia do aluno". Moore atribui grande importância à autonomia do aluno, durante todo o seu processo de aprendizagem.
  • A Teoria de Reeintegração dos Atos de Ensino de Keegan (1993) - Keegan salienta que a EaD não se carateriza pela comunicação interpessoal, mas pela separação quer no tempo, quer no espaço dos atos de ensino/aprendizagem. O aspeto essencial situa-se no ato de aprendizagem, e para o qual é necessário criarem-se e planearem-se meios para uma comunicação inter-pessoal produtiva.
  • E a Teoria da Comunicação e controlo do aprendiz de Garrison (1989) - A EaD e a tecnologia são inseparáveis, evoluindo a par com a evolução tecnológica o autor considera que o processo de aprendizagem implica uma interação com o professor. É preciso uma comunicação bidirecional, é necessário o uso da tecnologia para apoiar a transação educativa.

Passado, presente e futuro.


A Universidade Aberta (UAb) em Portugal, fundada em 1988, foi pioneira no ensino superior à distância em Portugal.




Há cinco anos atrás, o ensino online na UAb, concentrava-se praticamente em absoluto em três ou quatro cursos de mestrado e um ou dois cursos livres sem grau oferecidos pelo Departamento de Ciências da Educação. Não existia, um modelo de de ensino estabilizado, embora o departamento tivesse desenvolvido alguns documentos pedagógicos normativos de caráter genérico. Estava-se ainda a estrear a utilização da plataforma Moodle, o que representava um avanço importante. Do ponto de vista pedagógico, havia um trabalho de leitura e interpretação individual de textos e outros materiais escritos de suporte fornecidos no espaço virtual e discussão de temas e problemas em grupo/turma propostos e moderados pelo professor Teixeira (2011).


Em 2006, a experiência de docência online do professor António era substancialmente diferente. A UAb não possuía uma política institucional de educação virtual, nem sequer digital, à altura. Só em meados desse mesmo ano se estabeleceu a virtualização  da universidade e da sua prática pedagógica como um objetivo estratégico de desenvolvimento a curto/médio prazo. Neste sentido, em  2006 na UAb não existia ainda um modelo pedagógico institucional, nem uma infra-estrutura tecnológica institucional, muito menos focado no ensino online, nem sequer  uma infra-estrutura tecnológica institucional de suporte (plataforma e portal académico). Este contexto aliava-se a um ambiente tecnológico ainda claramente anterior à Web 2.0 e especialmente ao grande sucesso e, de certo modo, inesperado das redes sociais. Estes fatores condicionavam uma prespetiva da educação online como já fortemente colaborativa, mas ainda muito baseada na construção de comunidades fechadas, bem como na importância do pré-empacotamento dos conteúdos. Com efeito, a relevância dos ambientes virtuais de aprendizagem padronizados e especialmente desenhados, bem como dos recursos disponibilizados previamente era ainda muito elevada. Em certa medida, a perspetiva que se tinha do ensino online ainda era muito afetada pela sua valorização comparativamente com a aprendizagem em ambiente presencial Teixeira (2011).


 




Nos útimos anos o professor Teixeira tem vindo a utilizar de modo sistemático e intensivo wikis, (a atividade inicial em todos os cursos que lecciona organiza-se em torno de uma construção colaborativa em wiki), por vezes com retro-alimentação externa à comunidade de aprendizagem, blogs individuais dos estudantes, intervenção organizada dos estudantes em blogs externos à comunidade e aprendizagem, capacidade de pesquisa individual e coletiva de materiais de aprendizagem em motores de busca externos e redes sociais, utilização cada vez mais intensiva de recursos abertos (nomeadamente de natureza videográfica) como materiais de referência, etc. Para além da utilização de fóruns, ainda que cada vez menos na modalidade moderada pelo professor e mais na de auto-moderação pelo grupo ou sub-grupos (equipas de trabalho pré-escolhidas).


Do ponto de vista do professor online, a principal alteração tem a ver com a redefinição do seu papel. O professor é cada vez menos um transmissor de conhecimento, ou um gestor de uma comunidade de aprendizagem sendo a comunidade de aprendizagem entendida como uma rede de nós o professor é um nó na rede de ligações que cada aluno estabelece para aprender algo. A pressão do desenvolvimento tecnológico levaram a que a tarefa docente online se fosse complexificando forçando o professor a ser especialista, em diversos domínios como o tecnológico, psicológico, sociológico, ético para além do conhecimento disciplinar. O professor online tem de ser hoje um competente gestor de pessoas, das suas aspirações, problemas e anseios Teixeira (2011). O professor entende que o seu papel é como o de um treinador (entre manager e coach), alguém que organiza a interação do grupo, que desenvolve as capacidades individuais e coletivas do mesmo em função de metas de desenvolvimento a curto, médio e longo prazo e que o faz permanentemente em privado, para que o grupo o demonstre regularmente em público o resultado dessa aprendizagem.

Passado, presente e futuro.


O aluno do ensino tradicional tem um papel passivo, com poucas responsabilidades. Tem que adaptar-se às diferenças de estilo e métodos de ensino dos professores. É um ensino com base na memorização e na imitação do que faz o professor. O papel do aluno tem vindo a mudar substancialmente ao longo dos anos, foi ganhando uma renovada autonomia no processo educativo. O aluno era entendido como um sujeito passivo no ambito do processo comunicativo. Embora, em 2006, já estivesse estabelecido o primado da aprendizagem como um processo social de construção colaborativa de um conhecimento, esse processo era entendido como o de um coletivo pré-estabelecido, no qual o aluno individual era apenas um ator de um enredo que o ultrapassava. Ele era um destinatário do processo comunicativo estabelecido por quem detinha o controlo da comunidade. Hoje em dia, e cada vez mais no futuro, o aluno individual tem-se libertado e assumido como agente co-criador da própria comunidade, é ele que estabelece a sua rede de ligações sociais revelantes para o processo de aprendizagem, participa no estabelecimento do percurso de aprendizagem e na construção dos respetivos momentos. Ganhou portanto uma renovada autonomia no processo educativo Teixeira (2011).





Para o professor Teixeira, em 2016, parece evidente que o ambiente de aprendizagem será mais aberto e por isso múltiplo, funcionando na nuvem. Não estando certo, porém, que a implantação institucional de ambientes pessoais de aprendizagem se faça de modo acelarado. Há vários aspetos a salvaguardar, tal como a utilização de REA num contexto de aprendizagem formal ainda tem pela frente importantes desafios. No entanto o professor crê que a tendência será a de utilizar ambientes de aprendizagem de aprendizagem cada vez mais individualizados e construídos a partir de múltiplas ferramentas existentes. Assim, as instituições oferecerão não um espaço definido, mas um leque de opções de construção do espaço de cada estudante. O mesmo se aplicará aos professores/tutores/instrutores.
O professor António Teixeira imagina o "seu" espaço de ensino online em 2016 como um misto de ferramentas abertas e também comerciais organizadas em nuvem (não sedeadas institucionalmente), no qual os estudantes terão maior capacidade de definir os seus próprios percursos de aprendizagem. Para o professor as práticas de avaliação terão de mudar, adaptando-se. O recurso a práticas de auto-avaliação e avaliação individual pelo grupo ou pela comunidade (turma) serão progressivamente disseminadas, mesmo em contextos formais. O ambiente de aprendizagem será ainda mais aberto e por isso múltiplo funcionando na nuvem. A tendência será a de utilizar ambientes de aprendizagem cada vez mais individualizados e construídos a partir de várias ferramentas existentes. As instituições oferecerão um leque de opções de construção do espaço de cada estudante.



Fiz uma contextualização começando pela evolução histórica do ensino à distância, falando das seis gerações mais importantes do ensino à distância depois introduzi as teorias mais relevantes sobre o EaD. Depois iniciei o tema das práticas pedagógicas com a introdução do ensino online no passado, presente e futuro,  do professor online, do papel do aluno no passado, presente e futuro e para finalizar do futuro do ensino online.

Todos os avanços tecnológicos vieram facilitar a criação de novas formas de aprendizagem,  mais aliciantes e motivadoras. Tal como no ensino presencial, o professor online tem de atuar como organizador e facilitador da participação dos estudantes usando um conjunto de estratégias pedagógicas necessárias para lhes assegurar uma experiência de aprendizagem enriquecedora. No futuro esse conjunto de estratégias pedagógicas será cada vez mais aberto. Quanto ao futuro não nos podemos deitar a adivinhar mas tudo nos leva a querer que irá haver um aumento da eficiência da utilização das diferentes tecnologias. As TICs na educação do futuro também se multiplicarão, tornando-se mais e mais audiovisuais, instantâneas e abrangentes.

Gostaria de terminar com uma passagem do discurso de Barack Obama aos estudantes na abertura do ano letivo de 2009, apesar de ele estar falar do ensino presencial, mas que também se aplica neste caso ao ensino online. "Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito da responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender". Esta responsabilidade dos professores é comum ao ensino presencial e à distância e para mim é um dos papeis mais importantes no processo de aprendizagem.
Na passagem do seu discurso que se segue ele fala da responsabilidade que cada aluno tem para com a sua educação. "E é nisso que eu quero focar hoje: na responsabilidade que cada um de vocês tem na educação de vocês. Eu quero começar com a responsabilidade que vocês têm com vocês mesmos. Todos têm uma coisa na qual são bons. Cada um de vocês tem algo a oferecer. E vocês têm a responsabilidade com vocês mesmos de descobrir o que é. Esta é a oportunidade que a educação pode dar".

Recursos:

Coutinho, Clara P. (2011). Práticas Pedagógicas em E-Learning. Disponível  em:
http://www.tecminho.uminho.pt/UserFiles/File/C2011_Praticas_Pedag_%20eLearning.pdf. Acedido em Dezembro de 2011.

Gomes, M. J. (2008). Na Senda de Inovação Tecnológica no Ensino à Distância. Revista Portuguesa de Pedagogia, 42(2), 181-202. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/8073/1/artigo-senda.pdf. Acedido em Dezembro de 2011.

Obama, Barack (2009). Discurso aos estudantes. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/09/08/ult1859u1420.jhtm. Acedido em Dezembro de 2011.

Teixeira, António M. (2008). Interface Universidades. Disponível em: http://www.algebrica.pt/Arquivo/Newsletters/universidades/8/index.htm. Acedido em Dezembro de 2011.

2 comentários:

  1. Prezada Zelia
    Estou tentando acessar a tese de doutoramento da professora Lina Morgado, mas no link indicado por você há apenas a ficha da tese.
    Você tem o arquivo da tese? Poderia me enviar?
    Agradeço desde já.
    Atenciosamente,
    Francisnaine Oliveira

    Morgado, Lina (2004). Ensino Online: Contextos e Interações. Tese de Doutoramento.

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